terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Cães de Aluguel

Bom, antes de falar de Cães de Aluguel (Reservoir Dogs), me deixem falar o que senti quando vi a entrevista de Tarantino nos extras dessa edição que comprei recentemente: Eu vi que Tarantino, além de ser um cara normal, como todos nós, faz do cinema uma coisa comum - quase corriqueira. Do jeito que ele fala (e expressa sinceridade nisso), parece que fazer um filme como Cães de Aluguel, com um elenco que inclui Harvey Keitel é algo tão comum (não simples, mas comum), como levar seu cachorro pra passear. Sem exageros, o cara nasceu pra isso!
Enquanto assistia ao filme, tentei pensar o quanto Tarantino poderia ter gasto com. E, pelo que vi, não foi nada demais. Na verdade, creio que o filme fez muito sucesso por conta de seu roteiro não-linear (ou entrecortado como preferem os mais puristas) – o que era novidade pra quando foi lançado. Esse filme custou pouco pra ser feito. Foi filmado quase que todo num galpão e as poucas cenas externas ao galpão eram curtas, ou seja, custo de locação quase que zero. Na própria entrevista de Tarantino (ainda nos extras desse DVD), ele dizia que poderia ter feito o filme com 13 mil doletas.
Mas o baixo custo não tira o mérito do filme. Interpretações grandiosas de Keitel e, principalmente de Michael Madsen ao som de Bob Dylan, “fazem o filme!!!!” Vale muito cada segundo sentado em sua poltrona preferida.
A primeira cena do filme mostra algo bem comum nos filmes de Tarantino – diálogos sobre o “nada”. Algo como conversas de fila de banco ou de motoristas de táxis. Entendem? Algo do tipo: “Será que vai chover?” ou ainda: “Vocês viram que a Madonna disse naquela música?” Conversas pra boi dormir como diz minha mãe.
Mesmo sendo o primeiro filme que dirigiu, Cães de aluguel já mostra a sobriedade e a personalidade de Tarantino. O filme não se adéqua à padrões estéticos de montagem, não tem diálogos rebuscados pra impressionar, nem é clichê em seu roteiro. Muito pelo contrário! Tarantino mostra nesse filme que veio pra mudar ou, pelo menos, para teorizar uma mudança. O roteiro é algo muito impressionante na obra desse diretor. Mas não tem um estilo seu. Ao longo do tempo, vê-se que seus filmes mudam – não apenas evoluem, mas mudam o tom e a forma. Pensem comigo: Seria mesmo de Tarantino – o mesmo diretor de Pulp Fiction – Tempos de Violência e Cães de Aluguel – o roteiro de Um Drink no Inferno??? Seria???? Pois é!!!!! São filmes completamente diferentes. À bem da verdade, Um Drink no Inferno me faria sair do cinema antes do seu término – uma porcaria!!!
Mas, parece que Tarantino tem mais de uma mente. Parece que tem estilos diferentes dentro de si próprio. Eu consigo traçar uma similaridade, principalmente no que tange à violência, entre Cães de Aluguel, Pulp Fiction – Tempos de Violência e, o seu mais recente trabalho – Bastardos inglórios. Mas não me venham dizer que Um Drink no Inferno e Amor à Queima Roupa (roteiro que Tarantino vendeu pra levantar uma grana e fazer Cães de Aluguel), tem algo a ver com aqueles outros filmes...
Basta dizer sobre Cães de Aluguel que é um filme bom. Vale a pena!
É isso aí.

sábado, 19 de dezembro de 2009

2012

Roland Emmerich – O diretor!
Se consultássemos a ficha-corrida de Emmerich, teríamos uma idéia do que estava por vir em 2012 (seu último filme).
Mas, como o assunto (2012 – o ano em si) é, de certa forma, a moda cataclísmica do momento – e pior – apoiada por um levante de estudiosos das civilizações antigas (em especial a Maia), imaginei (inocente que sou), que estaríamos diante de um filme mais rebuscado, menos clichê e, principalmente, mais envolvido com o tema.
Só pra situar um pouco, essa nova “onda” não é exclusividade dos Maias. Muitas outras culturas antigas apontam para 2012 (ou próximo disso), como um ponto de mudança. Mas, como o calendário maia tem se mostrado muito preciso para tantos outros fenômenos, tornou-se mais prudente basear-se nele.
Nota-se porém, que muitos desses estudiosos não apontam para 2012 como o fim do mundo, ou dos tempos, ou da terra ou da humanidade. Falam em uma mudança grande impussionada por uma maior liberação de energia pelo sol em direção de nosso planeta. Isso sim, traria mudanças climáticas e toda uma sorte de eventos que mudariam o nosso planeta. Mas não se fala da extinção da vida por esses lados de cá.
Com efeito, o assunto tem se tornado recorrente em muitas culturas atuais e a preocupação com o teor dessas previsões são cada vez maiores.
Diante de tudo isso, Emmerich deixou de fazer um filme bom pra fazer mais um filme-catástrofe, muito comum em sua filmografia, onde priorizou a catástrofe em si. A estória perde sentido ao passo que a única busca é pela chegada na China para poderem embarcar numa espécie de Arca que os salvaria do fim do mundo.
Nessa busca, o cinema pobre entra em cena. Tudo o que é incomensurável ocorre. Pra quem viu, como eu, Máquina Mortífera 4 ou Duro de Matar (qualquer um dos 4), tem uma idéia do que estou falando. Cenas da limosine em alta velocidade saltando rampas e atravessando (voando) fissuras causadas por tremores de terra, avião sendo pilotado por um cara que não tem experiência nenhuma, O outro avião (de carga, enorme) que consegue levantar vôo numa pista minúscula. Tudo isso com o mundo caindo nas costas de nossos “heróis” que, como tudo no cinema-catástrofe, conseguem se livrar do pior sempre no último segundo. O filme chega ao ponto de mostrar o avião perdendo o trem de pouso quando está levantando vôo e passa raspando a Torre Eiffel que 1 segundo depois desmorona.
Os efeitos especiais são ótimos. Talvez seja o que salve os 20 paus pagos na bilheteria do Cinemark. Ainda assim, eu espera muito, mas muito mais desse filme.
Roteiro é bem clichê à moda de Independence Day, O dia depois de amanhã (ambos de Emmerich) e A Guerra dos Mundos (do Spielberg). Receitinha americana básica de mostrar uma famíllia com os pais separados, tentando sobreviver à destruição do planeta. Aliás, eu poderia garantir que o roteirista de 2012 é o mesmo de A guerra dos Mundos, mas depois lembrei que este último é uma adaptação da obra de H.G. Wells.
Sobre o calendário maia e as previsões pouco se falou no filme (parte de minha decepção mora aí).
Agora, Woody Harrelson está fantástico no filme, desbanca Amanda Peet e John Cusack. E olha que gosto do Cusack atuando... Ele parece não fazer parte do filme. Vale a pena prestar atenção em sua atuação.
Pra finalizar, o que posso dizer?? Bom, Emmerich fez mais um blockbuster. Daqui pra frente, não vou mais crer que ele faça algo diferente dessa linha. Não que seja ruim. Ao que penso que ele se propõe, está de bom tamanho. Filmes simples, sem ter que se pensar muito, com cenas fortes de destruição e muitos efeitos especiais. Roteiros baratos e bom elenco.
Não recomendo!
É isso aí.